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Vinhos do Brasil Parte V - Planalto Catarinense

Novidades
13/Abr
2015
Vinhos do Brasil Parte V - Planalto Catarinense
André Logaldi

Seguimos rumo ao norte adentrando o estado de Santa Catarina, localização melhor possível para os "vinhos de altitude", onde os vinhedos dispersos por cerca de uma dezena de municípios, gozam de clima frio, no que especialistas estrangeiros já consideraram um terroir onde se pratica a "vitivinicultura no limite" (winemaking on the edge)!

Os destaques vão para Urubici e São Joaquim, com recordes de baixas temperaturas, além de Caçador, Campos Novos, todos situados em altitudes que variam de 900-1450m, além da cidade de Videira, esta porém focada em uvas híbridas e americanas.

             

Ao longo do chamado Planalto Serrano e Vale do Rio do Peixe, na porção mais central do estado, encontramos os principais municípios ao redor dos quais a viticultura se implantou em meio às plantações de excelentes maçãs e erva-mate.
Como em outras regiões vitivinícolas do sul do país, a chuva tem um certo impacto negativo, no entanto a maior concentração delas ocorre antes da colheita. O frio chega a tal ponto na região, que sob a ótica bioclimática viticultural, a insolação chega a se assemelhar com Reims (Champagne) e Colmar (Alsácia) não impedindo mas retardando o amadurecimento dos bagos. O maior inconveniente são as geadas!
Os solos são de espessuras variáveis, mais ou menos profundos, ricos em argila e com notável presença de pedras e cascalhos, que podem ser muito úteis na captação e preservação de calor. 

As noites são naturalmente muito frescas, a combinação frio e umidade acaba por se tornar um problema de adaptação das uvas. A escolha de variedades que se encaixem bem nesse contexto climático é de fundamental importância e, se num primeiro momento, optou-se pelas mais conhecidas castas francesas, hoje essa realidade vem mudando drasticamente. 

A região, ainda muito nova, está se reconhecendo e num passado muito recente observou-se que algumas castas italianas seriam as mais aptas à vinicultura. Assim, Sangiovese e Montepulciano entre as tintas e brancas como Garganega e Vermentino podem vislumbrar um futuro melhor, quando comparadas às uvas francesas tradicionais. Diversas outras variedades de uvas têm sido exploradas desde o tradicional corte do Veneto (Corvina, Rondinella e Molinara) até as meridionais Aglianico e Nero d'Avola.

De acordo com dados da ACAVITIS (Associação Catarinense dos Vinhos Finos de Altitude) a área de cultivo de viníferas, ainda modesta em extensão, está próxima de 400 hectares gerando volumes quase idênticos de vinhos finos tranquilos e espumantes, aposta natural para o perfil climático.
O sul do estado conta com a primeira (e única) IGP, indicação geográfica de procedência, para os vinhos feitos a partir da casta híbrida Goethe. Outra curiosidade local e igualmente singular devido ao clima muito frio é a elaboração de vinhos de gelo, o Icewine brasileiro!

Alguns vinhos provados recentemente, de posse das respectivas fichas técnicas, apresentam o que se poderia esperar, por exemplo uma acidez alta, porém com mais intensidade que o normal, proporcionando muito frescor e em geral, alavancando a potência aromática. 

Uvas em destaque: Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer para os vinhos brancos, bons espumantes e apostas promissoras para as tintas italianas, além das castas internacionais como Pinot Noir, Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon.
As vinícolas que se põe em evidência na atualidade, dentre os mais de vinte empreendedores locais incluem: Pericó, Quinta da Neve, Sanjo, Villa Francioni e Villagio Grando entre outros.
Levando-se em conta que são apenas cerca de 15 anos de viticultura na região, muitos progressos foram feitos, mas tudo está ainda em seu mais tenro início e as características mesoclimáticas poderão definir um perfil de identidade adequado!
Saúde!

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