Os destaques vão para Urubici e São Joaquim, com recordes de baixas temperaturas, além de Caçador, Campos Novos, todos situados em altitudes que variam de 900-1450m, além da cidade de Videira, esta porém focada em uvas híbridas e americanas.
Ao longo do chamado Planalto Serrano e Vale do Rio do Peixe, na porção mais central do estado, encontramos os principais municípios ao redor dos quais a viticultura se implantou em meio às plantações de excelentes maçãs e erva-mate.
Como em outras regiões vitivinícolas do sul do país, a chuva tem um certo impacto negativo, no entanto a maior concentração delas ocorre antes da colheita. O frio chega a tal ponto na região, que sob a ótica bioclimática viticultural, a insolação chega a se assemelhar com Reims (Champagne) e Colmar (Alsácia) não impedindo mas retardando o amadurecimento dos bagos. O maior inconveniente são as geadas!
Os solos são de espessuras variáveis, mais ou menos profundos, ricos em argila e com notável presença de pedras e cascalhos, que podem ser muito úteis na captação e preservação de calor.
As noites são naturalmente muito frescas, a combinação frio e umidade acaba por se tornar um problema de adaptação das uvas. A escolha de variedades que se encaixem bem nesse contexto climático é de fundamental importância e, se num primeiro momento, optou-se pelas mais conhecidas castas francesas, hoje essa realidade vem mudando drasticamente.
A região, ainda muito nova, está se reconhecendo e num passado muito recente observou-se que algumas castas italianas seriam as mais aptas à vinicultura. Assim, Sangiovese e Montepulciano entre as tintas e brancas como Garganega e Vermentino podem vislumbrar um futuro melhor, quando comparadas às uvas francesas tradicionais. Diversas outras variedades de uvas têm sido exploradas desde o tradicional corte do Veneto (Corvina, Rondinella e Molinara) até as meridionais Aglianico e Nero d'Avola.
De acordo com dados da ACAVITIS (Associação Catarinense dos Vinhos Finos de Altitude) a área de cultivo de viníferas, ainda modesta em extensão, está próxima de 400 hectares gerando volumes quase idênticos de vinhos finos tranquilos e espumantes, aposta natural para o perfil climático.
O sul do estado conta com a primeira (e única) IGP, indicação geográfica de procedência, para os vinhos feitos a partir da casta híbrida Goethe. Outra curiosidade local e igualmente singular devido ao clima muito frio é a elaboração de vinhos de gelo, o Icewine brasileiro!
Alguns vinhos provados recentemente, de posse das respectivas fichas técnicas, apresentam o que se poderia esperar, por exemplo uma acidez alta, porém com mais intensidade que o normal, proporcionando muito frescor e em geral, alavancando a potência aromática.
Uvas em destaque: Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer para os vinhos brancos, bons espumantes e apostas promissoras para as tintas italianas, além das castas internacionais como Pinot Noir, Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon.
As vinícolas que se põe em evidência na atualidade, dentre os mais de vinte empreendedores locais incluem: Pericó, Quinta da Neve, Sanjo, Villa Francioni e Villagio Grando entre outros.
Levando-se em conta que são apenas cerca de 15 anos de viticultura na região, muitos progressos foram feitos, mas tudo está ainda em seu mais tenro início e as características mesoclimáticas poderão definir um perfil de identidade adequado!
Saúde!