O clima da Califórnia é ótimo para as parreiras. Muito seco (a Califórnia sofre com a falta de chuvas há praticamente 4 anos; atualmente, são esperadas chuvas para Outubro), faz com que elas sofram e aprofundem suas raízes no solo para obter água e nutrientes, o que dá qualidade às uvas. Além disso, a amplitude térmica na região é impressionante. Tivemos dias com temperaturas de 6º C de madrugada e 32º C ao longo do dia. A temperatura alta faz o amadurecimento e o frio conserva a acidez das uvas. O responsável por essa mudança brusca de temperatura é o vento gelado que sopra do oceano Pacífico. O trecho onde está localizada a ponte Golden Gate é uma fenda natural na costa da Califórnia que permite que esse vento gelado entre e esfrie as parreiras.
Napa Valley
Uma cidade turística tão perfeita que parece ter saído de um filme. Ótimos restaurantes, belas lojas, um supermercado com comidas deliciosas para se comer ali mesmo ou para lanchar no hotel e um bom Outlet.
O hotel Andaz, muito bem localizado, é conhecido como o melhor da cidade.
Wine Train
Um belo passeio no vagão panorâmico onde pudemos admirar a paisagem, almoçar e provar ótimos vinhos. Vale a pena pedi-los em taça, tendo assim a chance de provar vários. Destaque para os rótulos Romillily, Flowers e Calera Mills, todos da uva Pinot Noir, e à venda na loja na saída do passeio.
Vinícolas
Com algumas exceções, as melhores vinícolas do Napa Valley se inspiram nos vinhos Premier Grand Cru Classé de Bordeaux para confeccionar seus vinhos.
Cada uma com o seu estilo, todas as vinícolas são lindíssimas e só por isso valeram a visita.
1) Silver Oak
É considerada a catedral do vinho americano. Ela foi uma das primeiras vinícolas americanas a produzir um grande vinho de uva Cabernet Sauvignon. Adquiriram uma tanoaria para poder desenvolver uma barrica exclusiva de carvalho americano dentro dos seus padrões, e utilizam uma rolha mais moderna que apresenta um índice de problemas de apenas 0,4% - na média geral esse índice fica em 4%.
Segundo o enólogo, o povo americano não tem o hábito de guardar vinho. Por esse motivo, apesar dos vinhos da Silver Oak terem potencial de envelhecimento, eles estão prontos para serem bebidos assim que saem da vinícola.
A vinícola tem um belo jardim que fica em frente às parreiras. No fim da tarde, foi ótimo tomar um vinho sentado no gramado e admirar a paisagem.
Vale a pena perguntar (e comprar) pelos Alexander Valley de safras mais antigas.
2) Caymus
Uma vinícola que faz parte da história da Califórnia. Inicialmente só vendiam as uvas para outros produtores, mas em 1972 resolveram fazer seus próprios vinhos e logo tiveram grande sucesso.
O patriarca, querendo manter a tradição da família, criou mais 4 vinícolas (Emmolo, Conundrum, Belle Glos e MerSoleil), uma para cada filho. Destaque para o MerSoleil Chardonnay, que tem um ótimo custo/benefício.
O vinho top da vinícola é o Caymus Special Selection, que é produzido só em safras excepcionais, mas o Caymus Napa Valley tem uma qualidade tão alta que muitos não veem necessidade de comprar o Special Selection, que é 60% mais caro.
Graças à sua regularidade em produzir vinhos de alta qualidade, safra após safra, o Caymus tem uma excelente relação custo/benefício.
Visita imperdível pelos vinhos e pela beleza da propriedade.
3) Clos du Val
O fundador é descendente de uma família de negociantes de vinho de Bordeaux, o que justifica o nome da vinícola. Vale a pena marcar a visita perto do horário de almoço e fazer um pic-nic na bonita área externa.
Se estiver com pouco tempo disponível, dispense.
4) Ridge
Das mais tradicionais vinícolas do país, seu vinho top é considerado o Château Latour norte americano. Seus vinhos são muito longevos. A prova disso é que no primeiro Julgamento de Paris, realizado em 1976, o Ridge Monte Bello safra 1971 ficou em 5º lugar. Trinta anos depois, quando foi realizado o outro julgamento, um novo Monte Bello da mesma safra de 1971 faturou o primeiro lugar, deixando muitos vinhos franceses top para trás.
Alguns dos seus vinhedos possuem parreiras com mais de 100 anos e outros onde estão misturadas parreiras de Syrah, Zinfandel e Petit Verdot que, segundo o enólogo, já vão se mesclando antes mesmo de serem colhidas.
A vinícola possui vinhos de safras antigas que são imperdíveis.
Vale a compra e a visita.
5) Seghesio
A vinícola foi fundada por imigrantes italianos, o que justifica os vinhos feitos com uvas Sangiovese, Aglianico, Barbera e Arneis, mesmo que esses tenham um caráter bem diferente dos vinhos italianos.
A vinícola possui parreiras da uva Zinfandel datadas de 1820, e se destacou ao obter 94 pontos de Robert Parker com seu rótulo Seghesio Old Wines 2012, passando a ser considerada então a melhor produtora de vinhos com a uva Zinfandel dos EUA.
A visita foi um almoço harmonizado com os vários vinhos. Obviamente o sommeliér que nos recebeu não imaginava o nível de conhecimento do grupo, tanto assim que recomendou a leitura de um livro básico sobre vinhos.
Visita recomendada para quem é muito fã da Zinfandel. Caso contrário, dispense.
6) Araujo
Mais um cult wine que vale muito a pena ser conhecido. Uma prova da importância desta vinícola é que a Château Latour tem demonstrado interesse nela, visto que mandou um enólogo para trabalhar por um período em suas instalações.
A degustação foi feita ao estilo francês, começando pelos ótimos tintos, todos da uva Cabernet Sauvignon. Ao final, foi degustado um branco da uva Sauvignon Blanc misqué muito interessante. Os vinhos não são vendidos na vinícola.
7) Diamond Creek
Uma vinícola que produz três Cabernet Sauvignon em solos diferentes – de pedra, de cascalho e vulcânico. São vinhos que, provados na mesma degustação, deixaram clara a influência do terroir. Ora com aroma de fruta bem madura, ora mineral e com ótima acidez, todos da safra 2012 estão muito fechados por serem ainda jovens. São vinhos envelhecidos em barricas 100% de carvalho francês, que são trocadas a cada 2 anos.
Vale a visita para comprovar a influência do terroir.
8) Colgin
A Colgin e a Harlam Estate são as duas vinícolas que representam o que há de melhor na Califórnia. São verdadeiros cult wines.
A dona da vinícola trabalhou na Sotheby´s, o que explica as obras de arte que decoram a propriedade.
É das poucas vinícolas da região que planta suas parreiras na encosta média do morro, semelhante aos Grand Cru de Borgonha. Suas uvas são colhidas manualmente em dias que variam em função da insolação recebida. Chamou a atenção o fato do enólogo mencionar várias vezes o cuidado que se tem em manipular as uvas que são tratadas como se fossem joias.
Seu rótulo Cariad já obteve 4 notas 100 de Robert Parker que é fã e especialista dos vinhos de Bordeaux.
Só utilizam barricas de 1º uso. Em nossa visita, vimos barricas que foram confeccionadas com carvalho de mais de 350 anos, o que, segundo o enólogo, as torna menos agressivas. Segundo ele, felizmente há muita gente interessada na compra das barricas usadas que eles disponibilizam, tanto para uso em vinho, quanto para Bourbon.
Provamos 2 rótulos Cariad, safras 2012 e 2008. O 2012 é muito bom, com ótima acidez e aroma de chocolate, mas o 2008 estava simplesmente espetacular. Muito fresco e com aroma de fruta madura, já está pronto para ser bebido, mas pode ser guardado por muitos anos. Infelizmente a produção é baixíssima – foram feitas apenas 6000 caixas – e eles não são vendidos na vinícola. Os outros dois rótulos provados foram Estate, safras 2012 e 2009.
Apesar de jovens, são extremamente macios. Vinhos para serem bebidos já ou guardados por muitos anos.
9) Harlam Estate
A vista e as dependências são tão espetaculares, que só por isso já valem a visita. Fomos recebidos com champagne Krug Grande Cuvée, o que demonstra o grande interesse dos produtores no Brasil.
Foi a primeira vinícola americana a ter um vinho que recebeu 100 pontos de Robert Parker. Não é à toa que, junto com a Colgin, esta vinícola representa o que há de melhor na Califórnia, e seus vinhos chegam a custar até US$ 500,00 a garrafa no mercado americano.
Degustamos um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc de duas safras diferentes. A safra de 2012, ainda na barrica, e a de 2009, ambas com vinhos bastante encorpados, e que se mostraram ainda muito jovens. Podem ser guardados por mais de 20 anos tranquilamente.
10) Opus One
Outra que vale a pena visitar só pela beleza do prédio e da vista, atualmente produz só um vinho de alta qualidade, uma coisa rara de se ver. Vista de cima, seu formato representa uma taça com uma barrica no meio.
Chamaram a atenção os testes realizados nas rolhas visando diminuir defeitos. Atualmente só 0,9% de suas rolhas apresentam defeito, sendo que a média geral é de 4%. Para as garrafas grandes as rolhas são testadas uma a uma e não apresentam defeito.
Uma curiosidade que nos foi contada pelo funcionário que nos acompanhou na visita: segundo ele, a safra de 2005 foi excepcional e teve grande procura. Ao tomar as safras seguintes, muitos americanos disseram preferir a anterior e pediram para que eles fizessem mais “daquela de 2005”.
Degustamos duas safras: a de 2009, considerada excelente, e a de 2011, considerada muito boa. Os vinhos, apesar de jovens, já estão prontos para consumo. Impossível resistir e não comprá-los, principalmente se os preços forem comparados com os do Brasil.
11) Dominus
A vinícola com a sede mais curiosa de todas as visitadas, tem suas paredes feitas de engradados de arame cheios de pedras. Quanto maior o tamanho das pedras, maior quantidade de ar passa pela parede. O sistema é tão eficiente que a vinícola não utiliza ar-condicionado e, apesar do dia estar bem quente, dentro a temperatura estava bem agradável.
Seus vinhos foram considerados por alguns como os melhores da excursão.
Vale a visita pela sede e pelos vinhos espetaculares.
12) Hess Collection
A Hess Collection tem uma variedade grande de vinhos, inclusive alguns feitos de uvas não tão comuns na região (Malbec, Carignan, Albariño, Gewurztraminer...). Vale a pena conhecer o Small Block Reserve Pinot Noir, que possui um estilo semelhante aos vinhos de Borgonha.
Destaque para os queijos artesanais feitos ali mesmo e o museu de arte com obras interessantes.
Ótimo passeio.
13) Duckhorn