1) promover a difusão da cultura do vinho e o consumo responsável de vinhos de qualidade, independentemente de sua procedência, ou seja, brasileiros e estrangeiros; e
2) respeitar o direito soberano do consumidor de fazer suas próprias escolhas. Ao mesmo tempo, ajudá-lo nessas escolhas, fornecendo informações confiáveis e idôneas por meio de seus cursos, degustações dirigidas e outras atividades, bem como formando Sommeliers altamente qualificados, que ficamos honrados em representar, capacitados a fazê-lo;
Por isso, sempre nos posicionamos de forma clara contra quaisquer medidas discriminatórias (como a imposição de taxas, cotas, licenças e outras), como as que, há alguns anos, tentaram barrar ou limitar a entrada de vinhos importados no Brasil para, em tese, favorecer os aqui produzidos.
Entendemos que a produção local deve, sim, ser apoiada e incentivada pelo governo, como de resto ocorre em todo o mundo (um exemplo recente é a concessão de subsídios, em alguns países europeus, para a conversão de parte do excesso de estoques de vinho em álcool). Não cabe aqui enumerar as muitas medidas que poderiam ser adotadas pelos governos em seus diferentes níveis (federal, estadual e municipal) com esse objetivo. E que mereceriam nosso apoio. Mas vale registrar que, talvez, a mais importante de todas seria a redução de impostos, que, mesmo que de forma diferenciada, deveria ser aplicada também aos vinhos importados. Assim, ganhariam todos: produtores, consumidores e o próprio governo, que obteria maior arrecadação pelo aumento do consumo, desestimulando o contrabando, hoje um sério problema que afeta igualmente vinhos nacionais e importados.
Por tudo o que foi dito acima, só poderíamos ter recebido com espanto, para não dizer indignação, recente e mal disfarçada tentativa, por parte de algumas entidades supostamente representativas de produtores gaúchos de uvas e de vinhos, de impor licenças prévias e outras barreiras “não-tarifárias” aos vinhos importados, notadamente, mas não exclusivamente, do Chile, não por acaso o maior exportador de vinhos para o Brasil. E se dizemos “supostamente representativas” é para fazer justiça aos muitos produtores gaúchos, e de outras regiões produtoras no Brasil, que se manifestaram totalmente contrários a essa infeliz iniciativa, da qual seus autores, em boa hora, voltaram atrás, embora melhor teria sido sequer considerá-la.
O mercado brasileiro é suficientemente grande, pelo menos em seu potencial, para abrigar vinhos nacionais e importados, em volumes muito maiores do que os comercializados atualmente. O grande inimigo do vinho brasileiro, e também do importado, é o baixo consumo per capita, fruto, principalmente, da já mencionada alta carga tributária incidente sobre ambos. Portanto, o que parece mais lógico é unir esforços contra esse inimigo comum.
Da nossa parte, estaremos sempre à disposição, tanto dos produtores nacionais como dos estrangeiros, representados por seus importadores, para nos juntarmos a eles nessa luta maior, em defesa do principal interessado em seu resultado: o consumidor brasileiro de vinho.
Atenciosamente,
Diretoria ABS-SP