Quando falo da Baga é inevitável que sorria, pois me lembro do “bullying” que cometi com meu amigo Jose Luis Borges, que, proprietário de uma Magnum do conhecido e icônico Frei João 1990, vinho das Caves São João, não tinha espaço na sua adega para uma Magnum e quando concordei em mantâ-la na minha, manifestei minha preocupação que o mesmo contaminasse outras garrafas francesas ali presentes.
Quando finalmente ano passado, no jantar comemorativo da ABS-SP, o Dr Borges resolveu abrir o vinho referido e quem sofreu o “bullying” fui eu, esmagado pela complexidade dos aromas que recordavam um grande Grand Cru da Borgonha, sem a tanicidade que tanto apavora os incautos bebedores de Bagas jovens, de produtores comuns.
Muito bem adaptada aos solos argilo-calcários da Bairrada, acabou se transformando em símbolo vivo da região, sendo guindada ao conhecimento global através do grande Luiz Pato, que agora finalmente é reconhecido e homenageado como merece.
É uma uva com elevada acidez, que exige uma colheita com um amadurecimento fenólico preciso que evite o tanino intenso e rústico de uvas colhidas antes da hora e a tendência a podridão provocada pelas comuns chuvas de outono sobre as uvas colhidas tardiamente.